sábado, 29 de maio de 2010

EU SOU PARA CASAR

Quero falar sobre um tipo de oferta, certo anuncio que se encontra por ai. Aquela frase, que todos conhecem: Eu sou para casar!

Confesso que me da uma indigestão, vertigem, certa embolia, esses tipos de afirmações. Causa-me uma estranheza e um amargor vem na boca. E essa impecável autoconfiança, dessa gente, que estão tão certas e crentes no que são, e que se julgam o “tal”. E o que mais nos incomoda, na confiança dessas pessoas é saber que esses têm absoluta certeza no que crêem. Distinção grande entre crer e ser. Doces ilusões – Será que Deus não deu nenhum tipo de probidade mental para esses seres, para, poder discernir, refletir, sobre a vida e descobrir o caos de valores que se meteram. Se, alguém se julga, pertencer a uma casta seleta de seres casáveis, automaticamente esta execrando, julgando, condenando, exterminando, outras pessoas, numa equivocada disputa matrimonial. Em um julgamento que apenas concorre quesitos superficiais. Subentende-se nessa afirmação, que, que a união em si, não é o fim, apenas uma ponte, para derrotar todas as “rivais”, os periféricos insignificantes, e, a disputa em si, passa ser o fim. Mas se entenderem que casar não é uma competição mundial, um playoff, com eliminação dos candidatos, ai, certamente ninguém disporia tanta energia para se pretender, “ser para casar.” E, o que pode ser bom para mim, pode não ser bom para você, afinal somos diferentes, nem piore, nem melhores. E se a demanda fosse suficiente, não careceria igualmente de marketing e publicidade, às vezes, sinto que certas pessoas fazem da vida um grande mercado de peixe, ela é muito mais que isso.

Casar, não é uma necessidade, uma obrigação, um objetivo, uma determinação. Vejo, razão para casar, quando esse transcorre da maturidade de um sentimento, natural e puro. O amor deveria ser a única condição de um casamento, condição indeleavel deste. Casar, não é uma questão de praticidade, conveniência, ajuda. Não existe um botão mágico que clicamos, e nos apaixonamos, e tudo se resolve. Casar é uma questão de amor, de paixão, de essência, de alma. Mas, falo de um amor de verdade, por que todas essas que se julgam para casar, sabem muito bem usar o amor, pois entendem muito bem, que essa bandeira do amor impressiona e as tornam mais desejáveis e admiradas pelo homem, pura artimanha, muitas só abraçam a causa do amor para chegar aos seus interesses, amor, para essas são apenas um ponte, um meio, para suas conquistas - Amor não é isso. Amor não se aplica, não explica.

O que conta nas pessoas, e nos unem verdadeiramente, são valores, sentimentos, respeito, princípios, educação. Admira-se, pela bondade, pela entrega, pela cumplicidade, fidelidade, renuncia, compaixão, compreensão. Isso não se encontra em lojas, em shoppings, em clinicas estéticas... Esses são quesitos verdadeiramente profundos, que esta arraigada ao cerne do caráter – são esses elementos que fazem um casamento durável, feliz, bem-sucedido - que não deveriam ser suplantados, por botox, próteses, silicones, músculos, corpo malhado, nome, status, conta bancaria. Esses são adictos, quando bem usados, mas, quando não, são paliativos, maquiagens, mascaras para esconder e camuflar uma personalidade pobre, desprovida de qualidades, verdadeiras intrínsecas.

Se for ridículo beijar uma mulher feia, mais ridículo seria beijar uma beleza – Beleza, não Poe mesa. Não questiono a beleza, ele é fundamental sim, mas, a beleza é um conjunto de qualidades verdadeiras inerentes, de uma pessoa, não bijuterias reluzentes. Uma mulher bonita admiramos por um tempo, uma grande mulher, admiramos pela vida toda. Alem de tudo isso, ninguém sai anunciando um tesouro na rua.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Só um Mundo de Amor pode Durar a Vida Inteira

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casadinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Enfrentando os Problemas



Os grandes problemas da alma humana são: A dor e o tédio, disse Schopenhauer, o restante são adendos periféricos. Em busca de se livrar do tédio buscamos o prazer e deparamos com a dor, todo prazer tolo e passageiro traz consigo um elemento ameaçador. Na ânsia da busca desenfreada perdemos por vezes a direção, e o preço fica alto. Todas as inconseqüências desmedidas nos causam dor.

O que fica claro que todos estão igualmente sujeitos a dor. Isso é inevitável - contingências democráticas da vida - somos seres de carne e osso, e como nosso corpo, frágil, temos sentimentos, vontades, desejos, esperanças, inseguranças todos igualmente sensíveis e sucumbíeis. Fatalidades que faz a vida ser tão dinâmica e mágica.

Na vida devemos suprimir as projeções frustradas e os sonhos não realizados, os substituindo por outros, renovados, pois cada segundo que passa somos outros; mudamos, evoluímos, renascemos para a eternidade. O segredo é como lidamos com a dor e frustrações, pois essas são inevitáveis, o que esta sobre nosso controle é tornar o sofrimento opcional, podemos escolher o não sofrer – O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós, como previu Sartre - Nada é definitivo, tudo muda inclusive a dor, sendo ela física ou emocional. Se medirmos a dor verá que ela em si é curta e rápida, o que nos causa danos são suas impressões e traumas. É como sofrer antecipado ou sofrer pelos reflexos desse trauma. Sofrer antecipado é sofrer duas vezes pelo mesmo problema, depois do ocorrido é estende-lo, dando um poder que não pertence ao sofrimento - O sofrimento pela perda de uma coisa e pelo temor de perdê-la é o mesmo (Séneca) - Lamentar é sofrer por uma dor do passado e criar uma nova dor. Como disse Nietzsche; o que não me mata me fortalece - não questionando a morte, e o que também não me parece um sofrimento, pois a grande maioria morre com uma boa expressão facial, diferente de quando nascemos esgoelando, aterrorizados com a chegada a esse mundo caótico – Como dizia um provérbio chinês, se o problema tem solução não tem para que nos preocuparmos e se não tem, igualmente não tem porque se preocupar. «Nada te aconteceu de facto enquanto não te importares muito com o ocorrido».- Menadro

Tudo tem significado, da mesma forma que os nossos músculos crescem através do stress, da dor, nosso caráter se molda nela. E justamente através da dor que nos aperfeiçoamos, que descobrimos sem números lições, que aprendemos a evitá-la, que aprendemos gerenciar a vida cada vez mais, por ela nos tornamos mais humanos, piedosos. Por mais que ela pareça desnecessária por vezes, no final sempre tem um acréscimo positivo - Muitos descobrem a ética ou a religião -
 Somos resultados aritméticos: genética acúmulo do tempo + dor + experiências + alegrias = + EU. "A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia." Heraclito de Efeso

Existem pontes que nos levam para suplantar momentos difíceis, e ponte para evitá-los - Receitas? Algumas, como; não viver a vida dos outros, viver a própria vida, não julgar os outros, mas sermos rigorosos com nossos defeitos, perdemos tempo demais, medindo o mato do jardim do vizinho, e esquecemos-nos de aparar o nosso. Não ficar culpando apenas o governo pelas enchentes, e sim, parar de jogar papel de bala na rua e toco de cigarro do carro - A revolução começa de dentro para fora, não ao contrario - A regra é não pedir respeito, mas se fazer respeitar. Não sofrer por amor,  não cultivar rancor - a colheita é nossa - mas lembrar com carinho de alguém que um dia nos fez amar, e que através dessa pessoa descobrimos o amor. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Não permitir o ciúme cego, a insegurança, pois nada que não nos pertence ficara conosco, e o que é nosso esta guardado – se o trem não parou não era nossa estação - entender que somos únicos, nem melhores nem piores, apenas nós, e desse nós podemos ser os melhores, e que esse melhor para alguém pode se mais que um dia sonhou. Uma grande verdade é que os homens  são atormentados pelas ideias que têm das coisas, e não pelas próprias coisas. (diz uma antiga máxima grega)

 Considerar um grande aliado sempre, o bom humor. Milor Fernandes disse, que se nos sentimos um imbecil sempre haverá um mais imbecil ainda, para achar que não somos. Não atribuir culpa a ninguém de nossa dor, por mais culpado esse alguém for, esse conta não é nossa e sim do causador - afinal não temos raiva do destino, da natureza ou mesmo de Deus, por acidentes, por tragédias, por queda de aviões, por terremotos, por tsunamis – Entender que não tem como voltar ao passado para evitar ou para remanejar. Que não importa a causa, doença, acidente, agressões, no final tudo da certo. Entender que depois da tempestade sempre vem o sol, pois um vem atrás do outro. Saber que dos conflitos do opostos se forma a mais perfeita harmonia. Não sentir inveja, torcer pelos inimigos, perdoar - nada os aborrece tanto – Sorrir sempre, nada mais dilacerante para um rabugento, mal humorado, mal educado, que um belo sorriso. Quem nunca foi amargo com alguém? E recebeu, em troca não a palha da fogueira, mas um balde frio; um belo sorriso, nos desarmando por completo nos envergonhando do próprio azedume.

Sempre consciente que somos únicos no mundo. Nossos problemas são únicos, postramos fardos específicos para nossa capacidade de carregá-los. O importante saber que ninguém ira em nosso lugar sentir nossa dor, tampouco sentiremos dos outros - não sabemos, não sabem, não há medidas para a nossa dor como para a alheia  - E apenas atravessando esses vales de dores, renascemos mais fortes, e ai  poderemos chegar ao cume da mais perfeita harmonia e felicidade.

sábado, 1 de maio de 2010

Analogia da Moral

Pessoas julgam outros com o rigor que se julgariam homens de ferro. Esquecem que o semelhante é igualmente de carne e osso - como ela própria. Esquecem que os outros têm bons e maus dias, esquecem que os outros sofrem a aspereza das adversidades, e que sentem, pois sente quem não apenas vive, mas aceita as paixoes e não a indiferença. Da mesma forma que pessoas chamam de imorais quem não tem a mesma moral que a gente. Somos todos demasiadamente humanos para apontar o dedo. Nem tudo que é legal é correto ou moral, nem tudo que é ilegal, imoral. " Uma besteira repetida por trinta e seis milhões de bocas não deixa de ser uma besteira. As maiorias têm mostrado as mais das vezes uma aptidão superior à servidão."1

A grande verdade, consiste em olhar para os outros com o rigor das leis que olhamos para nosso próprio umbigo - que leva o nome de Ética -"A força do direito deve superar o direito da força." 2
 Pois com a mesma dureza que julgamos alguém, a vida pode nos julgar. “A majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de dormir sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão.” 1
São leis irônicas de pseudo- justos - O pior de tudo não é ser julgado como homem de ferro, mas ter juízes de carne e osso. - “Do mesmo papel em que lavrou a sentença contra um adúltero, o juiz rasgará um pedaço para nele escrever umas linhas amorosas à esposa de um colega.”3  Juízes, promotores etc... deveriam receber salários mínimos - ironicamente são funções sociais importantes demais para serem remuneradas.

A única justiça que existe é a morte, pois é igual para todos - se premissa de justiça for equidade -  o resto é sofismo e hipocrisia.
Valores morais são criações humanas e de um povo - tomadas como transcendentais e verdades absolutas - que nos afasta da dignidade humana, nos toranando mecânicos, vitimas históricas dos acúmulos () sociais .
Precisamos de um novo parâmetro para os valores e para a justiça.” Ética é uma verdade absoluta. Moral, já é uma variável, dependendo da cultura de cada povo...”4 “Não há fenómenos morais, mas apenas uma interpretação moral de fenómenos....”5
Entende-se que moral  é a justiça e bandeira dos hipócritas, ética nao é bandeira, mas a justiça em si.
"No Brasil, quem tem ética parece anormal."6


1-Anatole France

2-Ruy Barbosa

3-Michel de Montaigne

4-Tiny Willy

5-Friedrich Nietzsche

6-Mario Covas

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