Dostoievski vivenciou nos cassinos alemães do sec.XIX, a vertigem de ser levado a ganhar em segundos milhoes, e o amargor terrível da perda, quando por um instante, um solavanco do destino, esse leva premeditadamente todas as nossas fichas.
Seu livro O Jogador tem muito de autobiográfico, como a Casa dos Mortos, e de forma genial traz todos os meandros dessa insólita aventura dos cassinos. Sua vertiginante atração, que imediatamente recai sobre os mais sofisticados espíritos que seja.
O brilho da sua elegância despudorada e glamour do universo dos Cassinos e jogos, o desafio sobre a sorte num jogo contestante de coragem e perda, numa gangorra de emoções. A magnitude de suas glamourosas mulheres, dinheiro, dessa metáfora da vida, desbravada na retórica do ganhar ou perder.
Fica depois de um tempo, uma grande lição, pois quando somos atirados a emoções tão contraditórias e selamos nossos destinos a mercê do azar, mergulhamos a sofrimentos únicos, que por instantes nos alastra para todo o mal possível e narrável que podemos sentir na mais repleta frustração da perda, ao mesmo instante como por esperança o repente de uma possível futura vitoria, recompensadora dessa frustrante derrota do presente.
Poucas coisas no mundo pode causar tanto fascínio como o jogo, e tanto desespero na mesma proporção.
Pois por segundos é levado a uma gloriosa vitoria e na mesma velocidade e uma bancarrota homérica.
A experiência de estar metido nos labirintos do jogo é insólita, fascinante, degradante, podendo se tornar muito humilhante.
Quando perdemos controle o objeto passa a controlar o individuo, são sintomas de um vicio descontrolado. E o que no geral leva os homens a vícios é a busca de uma alternativa para possíveis frustrações em seu mundo objetivo, o gosto pela conquista fácil e imediata, como uma fuga de uma realidade difícil de ser combatida. Não matando o sujeito, uma pessoa mais forte ressurge dessa experiência.